A igreja fica localizada no
centro da cidade, como a maioria nas redondezas. Uma porta central de madeira
velha, marrom escuro, com marcas de mijadas nos cantos é o único acesso. A cor da estrutura não é tão perceptível, as manchas
de musgo já tomaram uma boa parte do rosa salmão que a encobria, pelas laterais
quatro janelas, duas de cada lado, que não sentem o que é limpeza há muito
tempo, são uma espécie de vidrais coloridos com algumas figuras que só se sabem
que são santos pelas coroas que ainda permanecem intactas, o resto é comido
pelo musgo e poeira. Dos dois sinos, só
um está tocando, as pessoas não sabem se quando toca foi porque alguém morreu
ou se é o horário da missa.
Dentro, ao todo são quarenta
e três bancos divididos em uma única nave, a cada lado uma espécie de confessionário
que está sem a porta do lado do pecador, assim, poucos naquela cidade tem o hábito
de confessar-se. Mais adiante dois blocos que forma uma escada para o altar, de
cada estremo uma estrutura de madeira que segura uma vela branca acessa já faz algum
tempo. A mesa de madeira coberta por um pano branco manchado de vinho e xixi de
rato, sustenta uma bíblia amassada e enrugada com letras apagadas e manchadas. Ao lado esquerdo uma estrutura se ergue
verticalmente para segurar uma bíblia em melhor estado.
Encima, o jesus cristo na
cruz, pregado pelos seus braços e pés usando uma coroa de espinhos só se
reconhece pelo formato e lugar onde está, seu rosto não é claro, parte da pintura dos
seus olhos e sangue que escorre pela sua coroa não se vê mais. Em seus pés não
sobrou mais nenhuma gota de sangue. Na parte direita da cruz o cupim leva a
santidade e imortalidade daquele jesus.
Embaixo da cruz, uma cadeira
de metal enferrujada em espécie de trono , a cada lado, duas cadeiras menores
de plástico. Na parte direita da parede algo pintado de amarelo se sobressai
com alguns desenhos em preto, a caixa onde são colocadas as hóstias fica ali,
não tem chave, nem algum sistema de abertura, apenas um cadeado velho segurando
uma corrente velha de vinte dentes.
O pároco principal, Padre
Santini, tem 67 anos de idade e 40 de sacerdócio
é um italiano de temperamento forte, seus dogmas ultra conservados, o fazem
temido pelos fieis da cidadezinha, por isso dos pouco que se confessam, ninguém
gosta de confessar-se com ele. Olhos verdes, barba espessa e dentes amarelos o
fazem o cidadão mais diferente daquela cidadezinha, logo quando chegou há um
bom tempo, as mulheres solteiras o procuravam em seu quarto para pedir um
gostinho daquele fruto proibido. É um homem sábio, porém duro em suas decisões
e convicto de que há um Deus que não gosta de sexo, roubo, morte e álcool.
O segundo padre que o
acompanha, Amadeus, um senhor de 40 anos, muito integro e dedicado
completamente à vida religiosa, é de uma cidadezinha perto dessa cidadezinha,
olhos castanhos e cabelo preto enrolado, não é muito atraente, por isso poucas
mulheres na vida já tentaram abusar de sua santidade, diferente do Padre
Santini.