terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O facebook nos relacionamentos pós modernos




Muito interessante é analisar como nos adaptamos negativa ou positivamente às novas ferramentas de comunicação. Desde o Orkut as formas de falar, escrever e até sentir ciúmes mudaram no contexto cibernético.

Se no Orkut já conseguíamos ver brigas entre casais por “aquele depoimento” indesejado que a “Clesisdyany Gatinhaw” deixou em seu mural, no facebook as coisas ficaram mais sérias e possessivas, por incrível que pareça, a onda do Orkut era só uma preparação para a liberação dos ciúmes masculinos e femininos no ambiente virtuais.  Sim! Ficou bem pior.
Podemos sugerir um casal qualquer e avaliar as várias etapas pelas quais os casais passam com a influência direta do facebook.

1 – Fase de conhecimento – Durante a balada João e Sophya se conhecem, rolou uma química legal, ficaram, beberam pacaralho, a noite acaba, trocam What’s. No outro dia pela parte da tarde João puxa papo, Sophya fica feliz em saber que ele falou com ela – estava esperando desde cedo ele falar com ela, afinal homem precisa tomar a iniciativa e mostrar interesse – falam da noite passada, da ressaca do quanto um gostou do beijo do outro, do quão loucos estavam, trocam algumas fotos da noite passada, dos amigos bêbados. Ao final do dia estão falando como um é sentimentalmente e o quanto é difícil gostarem de alguém. Antes de dormir ou durante o dia um pede o face do outro.

2-  Fase Stalker -  Durante a conversa pelo What’s um vai stalkeando o outro pelo facebook, fotos da biografia, fotos de perfil – será que elx e é bonitx mesmo? – fotos de viagens – Já foi pro outro país? -  pensam os dois. Assim vão se Stalkeando, ninguém admite que está vasculhando tudo até um dos dois ter a coragem de perguntar alguma coisa relacionada ao face - onde é essa foto? – é em Presidente Figueiredo (E assim se desenvolve uma madrugada de conversas mais profundas como qual música você ama, qual cantor, qual filme, qual poeta, qual artista, qual escritor... ).

3- Fase de indiretas positivas: ao longo dessa semana um fica postando aquela música que o outro falou e ressaltando versos que jogam indiretas  de “ te quero meu amor” “deixa eu te conhecer melhor” “Gatinha assanhada cê ta querendo o que”- você não imagina como o(a) outro(a) “aBesthadx” se sente quando lê jurando que é pra elx.

4 – Namoro : O Casal já está há duas semanas, gostaram , ele pediu ela em namoro pelo What’s e ela respondeu com uma carinha feliz dizendo – sim. É nesse momento que começa a crise, ele envia convite de relacionamento sério, ela não aceita, ele fala com ela no what’s, acha absurdo não querer tornar público, ele pergunta se tem outro que não pode saber, ela diz que não quer porque ainda é muito cedo, ele não admite – com certeza deve ter alguém, ela fica paquerando e me botando chifre –  pensa o João. Primeira briga da relação.

Ele continua “encabulado”, no outro dia se falam, ela diz que vai aceitar. 120 curtidas e muitas mensagens de felicidades para o casal, além dos amigos do João  “Aê até que enfim” “ Parar de afogar o ganso” e não pode faltar também a menina que nunca fala mas que por alguma obra do inferno decide sacanear com o João “oxi príncipe, e eu esperando”.– Quem e essa vagabunda, pergunta Sophya, joão responde – nunca falei com elatu vai ter que excluir ela . Segunda briga

5 – Curtidas e comentários : terceira semana de namoro, sophya percebe que tem uma     “ tal de Raquel martinez” que curti e comenta tudo o que João posta, Sophya pergunta quem é, João responde que é uma amiga, Sophya faz escândalo e no final ignora. Terceira briga.

No outro dia Sophya posta uma foto com uma mensagem agradável com o amigo da faculdade, João pergunta pelo face quem é, Sophya responde que é um amigo, João fica loucamente enciumado e para de falar com Sophya.

6- Indiretas negativas : Começam a rolar músicas de “não valorização” e imagens de “quem não dá valor perde” nos murais dos dois. Sophya muda de Status para “solteira” nos comentários poderemos encontrar “Já?”  ,“opa!, ta na pista” “Ai amiga vamos sair amanhã”, João a bloqueia no What’s e face e Instagram e Twitter.

6 – última frase : “ foi bom enquanto durou, agora é partir pra outro(@).



domingo, 16 de novembro de 2014

A igreja

Calor, muito calor. Dentro da igreja, não tem ventiladores, os padres não conseguiram arrecadar o suficiente do dizimo para comprar pelo menos um. Desde a morte do seu genuíno, os fieis desistiram de Deus naquela cidadezinha no fim de um mundo banhado a areia e escassez  de água, pouca comida e muita pobreza.


A igreja fica localizada no centro da cidade, como a maioria nas redondezas. Uma porta central de madeira velha, marrom escuro, com marcas de mijadas nos cantos é o único acesso. A cor  da estrutura não é tão perceptível, as manchas de musgo já tomaram uma boa parte do rosa salmão que a encobria, pelas laterais quatro janelas, duas de cada lado, que não sentem o que é limpeza há muito tempo, são uma espécie de vidrais coloridos com algumas figuras que só se sabem que são santos pelas coroas que ainda permanecem intactas, o resto é comido pelo musgo e poeira.  Dos dois sinos, só um está tocando, as pessoas não sabem se quando toca foi porque alguém morreu ou se é o horário da missa.
Dentro, ao todo são quarenta e três bancos divididos em uma única nave, a cada lado uma espécie de confessionário que está sem a porta do lado do pecador, assim, poucos naquela cidade tem o hábito de confessar-se. Mais adiante dois blocos que forma uma escada para o altar, de cada estremo uma estrutura de madeira que segura uma vela branca acessa já faz algum tempo. A mesa de madeira coberta por um pano branco manchado de vinho e xixi de rato, sustenta uma bíblia amassada e enrugada com letras apagadas e manchadas.  Ao lado esquerdo uma estrutura se ergue verticalmente para segurar uma bíblia em melhor estado.

Encima, o jesus cristo na cruz, pregado pelos seus braços e pés usando uma coroa de espinhos só se reconhece pelo formato e lugar onde está,  seu rosto não é claro, parte da pintura dos seus olhos e sangue que escorre pela sua coroa não se vê mais. Em seus pés não sobrou mais nenhuma gota de sangue. Na parte direita da cruz o cupim leva a santidade e imortalidade daquele jesus.

Embaixo da cruz, uma cadeira de metal enferrujada em espécie de trono , a cada lado, duas cadeiras menores de plástico. Na parte direita da parede algo pintado de amarelo se sobressai com alguns desenhos em preto, a caixa onde são colocadas as hóstias fica ali, não tem chave, nem algum sistema de abertura, apenas um cadeado velho segurando uma corrente velha de vinte dentes.

O pároco principal, Padre Santini, tem  67 anos de idade e 40 de sacerdócio é um italiano de temperamento forte, seus dogmas ultra conservados, o fazem temido pelos fieis da cidadezinha, por isso dos pouco que se confessam, ninguém gosta de confessar-se com ele. Olhos verdes, barba espessa e dentes amarelos o fazem o cidadão mais diferente daquela cidadezinha, logo quando chegou há um bom tempo, as mulheres solteiras o procuravam em seu quarto para pedir um gostinho daquele fruto proibido. É um homem sábio, porém duro em suas decisões e convicto de que há um Deus que não gosta de sexo, roubo, morte e álcool.

O segundo padre que o acompanha, Amadeus, um senhor de 40 anos, muito integro e dedicado completamente à vida religiosa, é de uma cidadezinha perto dessa cidadezinha, olhos castanhos e cabelo preto enrolado, não é muito atraente, por isso poucas mulheres na vida já tentaram abusar de sua santidade, diferente do Padre Santini.

 Espero que continue...

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Um milênio renovado em 15 anos


De 2000 até 2015

Há quinze anos ocorreu um dos maiores eventos que a Organização das Nações Unidas (ONU) já realizou. A ocasião reuniu 191 mandatários do mundo todo para discutir o futuro da humanidade, tendo em conta os rumos que o mundo estava tomando naquela época.  Assim surgiram os “Oito Desafios do Milênio” baseados na melhoria da qualidade de vida das pessoas e principalmente focando os esforços nos paradoxos criados pelo desenvolvimento até o ano 2000.

Quinze anos depois surgem outros desafios e ficam alguns do passado para continuar o árduo trabalho de alcança-los. Com os “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, que começarão a vigorar em 2015 o mundo organiza e avalia seu foco nas prioridades de desenvolvimento, mesmo assim fica uma série de questionamentos: Conseguimos alcançar as metas traçadas em 2000? O que mudou de lá pra cá? O que conseguimos melhorar? E agora? .

Conseguimos melhorar gradativamente de 2000 para cá, nenhum objetivo foi alcançado completamente, mas com certeza existem menos pessoas morrendo  de fome no mundo todo, menos pessoas fora da faixa de extrema pobreza, mais crianças nascendo vivas, porém em contraponto, o respeito com o meio ambiente não chegou  perto o suficiente para diminuir o  descongelamento das geleiras e as catástrofes naturais(desabamentos, seca de rios etc). Isto quer dizer que os trabalhos não param por aqui, em quinze anos o mundo mudou muito, a internet se propagou e tornou-se uma prioridade, o meio ambiente está em um estagio negativo irreversível, pessoas infectadas com vírus do HIV/AIDS não tem tratamentos adequados, além de outras doenças.

Juventude caindo no mundo
Algo muito bom que os ODM nos mostraram foi o poder da juventude em todo este processo, durante estes quinze anos milhares de jovens criaram redes de participação juvenil, espaços de discussões e principalmente despertaram no mundo a esperança de um lugar melhor para se viver. Foi com a força da juventude que países se viram obrigados a tomar providências contra a caça ás baleias, com essa mesma força muitos países começaram a desenvolver politicas públicas contra o desmatamento ilegal, ainda na mesma força de mobilização, foram estes mesmos jovens que derrubaram ditaduras em meio à sede por democracia. Enfim, neste processo de 15 anos talvez não foram alcançados todos os desafios propostos, mas ferramentas de inclusão e participação social  criaram-se em vários segmentos e hoje conseguimos ter esses processos como referências na luta pela igualdade social e democratização dos direitos humanos.
E agora?
Os desafios agora são outros, a agenda de trabalho a partir de 2015 surge para implementar os outros desafios por meio do desenvolvimento sustentável, pois neste processo de 15 anos o mundo percebeu que tudo depende dessas duas palavras, de alguma forma tudo está entrelaçado na relação terra e ser humano. As mudanças já começaram na forma de escolha de prioridades desses objetivos, antes de pensar neles junto aos mandatários, a ONU realizou uma pesquisa mundial com jovens, sobre quais eram as prioridades, os anseios da juventude em relação ao mundo. A agenda de 2015 tem como combustível principal a participação social, a juventude como parte da solução e a sustentabilidade como palavra de ordem.

Entre empodeirar, implementar, igualdade de gênero vão surgindo novos termos que meu dicionário insiste em corrigir, pois ainda não está atualizado do que já aconteceu  e muito menos do que irá acontecer, temos a  esperança de um mundo melhor, que mesmo em altas temperaturas, guerras e pobreza ainda consegue se reerguer com a força dos sonhadores e o espirito da juventude.


sexta-feira, 23 de maio de 2014

11 motivos para não ouvir conselhos amorosos do seu Amigo


1-      Seu Amigo não tem namorada

2-      Seu amigo joga Dota 

3-      Seu amigo dorme com um ursinho de pelúcia

4-      Ele diz “se fosse eu chegava na hora”, quando na verdade não consegue nem falar “oi” pra menina que ele gosta.

5-      Seu amigo é encalhado

6-      Seu amigo faz engenharia da computação, Civil, Quimica, Econômia, Direito,  Bioquimica....

7-      Seu amigo só fala em sexo

8-      Seu amigo curte glee , Anime, naruto ou game of thrones.

9-      Seu amigo tem que voltar pra casa até as 7.

10-   Seu amigo é virgem.

11-   1-      O único amigo  que ele tem é você

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O Funeral de seu Arduino


O choro toma conta dos entes queridos, as flores perfumadas invadem os narizes e pensamentos dos curiosos que foram olhar o morto. O caixão no meio da sala como de costume, com uns arranjos de flores baratas com suas respectivas velas brancas - que muitos acreditam – seja para iluminar o morto em seu caminho ao céu. Era meio dia, o sol castigava os corajosos que se arriscaram a andar sem sombrinha, na funerária só há 3 ventiladores, dois na sala de recepção e um na sala do funeral, as mulheres se abanando com os jornais e folhas que encontram pelo meio, os homens entram e saem da sala para pegar um ar, até o defunto está suando.  Ao lado direito do caixão está a Dona Lurdes, mulher do defunto, encontra-se desorientada, no seu olhar sente-se o caos, a angustia, a desolação. O caixão aberto torna as coisas mais difíceis, pois dá aquela sensação de que o personagem deitado ali, a qualquer momento vai acordar e beber aquele cafezinho com bolacha digno do funeral. Ao lado da mãe está a filha, tentando acalmar sua progenitora, mas nem ela mesma consegue se segurar e logo caí no choro, que logo os familiares acudem de maneira instantânea para consola-las.

Na lateral da sala está Dona Eugenia, senhora de pelo menos 45 anos, baixinha, cabelo branco, ela tenta pinta-lo, mas não dá jeito, quando fala sente-se um cheiro horroroso que saí da sua boca, Salvador, 29 anos, magro altura média, cabelo encaracolado, é meio cego, por isso usa óculos do tamanho de uma garrafa de coca-cola e Dona Carmen, que discutem entre si, o quanto o defunto fará falta para a pobre família, que dependia só dele para viver -coitadas, e agora, será que ele deixou seguro ou algo assim? Pergunta Dona Eugenia,
Salvador responde- Menina, acho que não, que o pobre trabalhava na feira vendendo peixe, nem dinheiro pra comer direito tinham, tu acha que ele ia ter pra seguro mana?

- É mesmo, o coitado se matava de trabalhar pra sustentar essas duas. Uma colega minha, que era vizinha deles, dizia que ela ainda traia ele, assim que ele saía, ela botava os macho dento de casa.

- Dona Carmen, mulher de 60 anos, com pelo menos 120 quilos, roupas estampadas vermelhas, interrompe a conversa de maneira soberba - mas o defunto não era nenhum santo, anteontem mesmo quando estava passando em frente à casa dele, me olhou de um jeito muito estranho, parecia que ele estava “mim desejandu”.

Enquanto a conversa dos três se desenvolvia, 4 homens entraram pelo caixão, estava na hora de enterra-lo, um dos homens, se mostrou inseguro e nervoso ao pegar em um dos lados do caixão, enquanto isso, todos ficaram atentos ao momento em que o levantaram, o homem inseguro fraquejou, por um momento todos acharam que o morto iria cair, mas não passou de um susto, o homem logo se recompôs e conseguiu equilibrar seu medo com o caixão. Levaram-no ao carro da funerária, uma Paraty anos 90, com uma ferrugem camuflada por uma pintura barata, o colocaram dentro e organizaram as flores logo em seguida.
A sirene tocava quando passavam pela Av. Boulevard em direção ao cemitério, já havia 2 horas estavam nesse engarrafamento, o suor do motorista se mistura com o cheiro de rosas do morto e as assoadas de nariz que a viúva fazia de 1 em 1 minuto.  

Subindo a ladeira sentiu-se um barulho de explosão muito forte, o rosto do motorista da Paraty foi de susto imediato, parecera que o coitado sabia que vinha merda pela frente, a viúva surpreendida apenas deu um grito pelo susto.

Lá atrás da Paraty vinha a caravana do ônibus de parentes e mais dois carros cedidos pela funerária para o transporte, desde ali alguém gritou – essa porra estourou!  O motorista, disse em voz baixa – hiii, o pneu estourou, eu disse pra esse filha da puta comprar um pneu novo.
O transito parou, o sol de uma hora da tarde açoitava a lataria, as buzinas de carros não paravam, a sirene da Paraty se tornava mais alta, os motoristas dos ônibus comerciais puxavam as cabeças para fora tentando adivinhar o que o motorista faria.


Seu joão desceu da Paraty, pegou uma chave  e começou afrouxar os parafusos do pneu, ele só esqueceu que estava em um início de ladeira, continuou afrouxando, afrouxou o último, engatou o macaco, na terceira volta o carro estralou e logo em seguida caiu para o lado de onde já não havia mais o pneu, apenas o vazio dele, a parte traseira do carro se curvou para trás levantando a parte dianteira, o porta malas abriu e o caixão com o defunto voou  virando-se, trazendo o morto para fora dele, e assim foi, um choque, 13:30 da tarde um tanto singular, com um defunto estendido no asfalto de mais de 40 graus centigrados, um engarrafamento de 3 km, um calor digno de Manaus e milhares de buzinas pedindo pressa, sem saber o que tinha acontecido logo na frente. E assim ficou para a história, o enterro de seu Arduino, o anônimo mais famoso de Manaus, que virou celebridade quando ia pra seu sepultamento. 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

La costa

"El calor de la costa le pega al visitante que está de paso, las calles ardientes del medio día combinan con los personajes que se esconden en la sombra de los arboles tocando  algun instrumento proveniente de los antepasados indigenas o esclavos.
Y la tarde corre así, serena, sudorosa hasta las 6 de la tarde, a esa hora parece que la ciudad se arregla para las explosiones musicales que se extienden durante toda la noche.

El sudor de aquellos al rededor del acordéon cae en el piso donde pies de parejas intentan marcar el compás del bumbo y la guacharaca. Yá pasa de las 12 pm y la felicidad aumenta con el excesso de ron y aguardiente, los vallenatos se aceleran junto a los batimientos cardiacos y las parejas se pegan un poco más, el calor de 30 grados no es más problema, en el auge de los giros y pasos mal planeados los cuerpos que allí se encuentran comienzan a experimentar sensaciones de calor y deseo. La seducción  de la morena, de cabello largo medio ondulado se vuelve más intensa cuandole pega todo su cuerpo al visitante, el cuál siente ese almizcle de sudor y algún perfume barato que compro en la galeria de la ciudad.

Pero no importa porque la borrachera llegó para demorar y alegrar las luzes amarillas de ambiente que hacen con que el viajante se sienta en casa. Las muchachas de chorecitos jeans y camisas blancas esperan un principe que las saque a bailar y de la pobreza en la que viven. Se miran unas a las otras tapandose la boca con la mano, bailan solas, mirando para el cielo , dan una spiscadas y lanzan su golpe mortal".

sábado, 8 de fevereiro de 2014

A PROSTITUTA DO H(M)OTEL

   Atrás do balcão pensando em alguma coisa com certeza nada importante, o que comerei amanhã? Como será que vou morrer? Coisas do tipo futuro improvável,  são 10 horas da noite e Andreia sai do seu quarto, toda “produzida” batom vermelho, salto alto preto, vestido super curto muito menos  do que o exigido pela sociedade, no seu olhar, algo diferente, sim acho que hoje ela cheirou, seu rosto assustado e frenético dizem tudo, meche sua boca regularmente enquanto caminha e cada vez que dá um passo ajeita seu cabelo, como se estivesse meio insegura.
Ao chegar ao balcão me entrega a chave e diz: 
-eai blz?
– blz
– como que tá o movimento?
– meio parado hoje é segunda
– porra é mesmo, cara eu não gosto de sair na segunda, não dá nem pra pagar a metade do quarto, o seu zé falou alguma coisa?
- não, não pra mim.

Então ela se despede e transforma-se na mulher mais sedutora e desinibida do mundo, me pergunto por que ela pergunto pelo seu Zé, dono do hotel, será que ela está devendo algo?
Talvez, a andreia mora aqui desde que comecei  a trabalhar na recepção do hotel, quando cheguei demoramos uma semana para falar, pois eu estava meio envergonhado, não sei de que, é uma ótima pessoa,  toda noite sai para trabalhar como prostituta, fica nas esquinas desoladas pela madrugada e tomadas pelos bêbados ou carentes momentâneos de amor.

Um dia desses sentado na frente, comecei a conversar com ela, me perguntava qual era o real motivo de uma mulher vender-se por sexo, qual era a explicação, porém percebi naquela conversa que atrás de cada problema pessoal existe um problema social. Ela me contou que tinha uma filha de 4 anos que morava no interior do estado e que saiu de lá porque não havia emprego e o conselho tutelar queria tirar a crianças dela, então a deixou com os pais e veio trabalhar na cidade grande.
Após alguns messes o seu zé me perguntou pela Andreia:
- ei cadê a Andreia?
-não sei, acho que está no quarto.
-assim que tu ver ela, manda ela pagar as 2 semanas que tá devendo, se não tiver grana fala que é pra sair amanhã.
-tudo bem

Parei pra pensar em como iria fazer isso, realmente a consciência pesava, porém se eu não falasse talvez meu emprego fosse por água abaixo. É uma hora da manhã, a andreia está meio chapada ao sair, vejo pelo jeito que anda e seu rosto pálido e branco, falo:
-andreia seu zé quer saber quando vai pagar ele
-porra amanhã.
-tudo bem.

Não arrisquei a falar o resto, fiquei com  pena ou vergonha alheia( sofro disso).
O dia passou, a noite passou, o dia passou e assim se foram alguns dias, dessa vez não via a Andreia há 1 semana, achei que seu zé tivesse expulsado ela no horário matutino no qual eu não estava,  porém isso mudou quando seu zé me disse:
- vai lá abrir o quarto da Andreia ela não vem faz uma semana, tira as coisa dela de lá que o quarto te que ser alugado.
-mas ela não vai voltar?
- acho que não.


Fiquei nervoso e pedi pra camareira ir comigo no quarto, afinal não sabia o que me esperava. Entro bem devagar e vejo um quarto sujo, pouca roupa a foto de uma criança encima da mesa, apenas, resto de pó ao lado da tv, muitas camisinhas, a mando embrulhar tudo e levar pra cima. me pergunto o que aconteceu com Andreia, será que a mataram? Fugiu? Morreu de overdose? Até hoje me pergunto o que aconteceu com Andreia.