O MISTÉRIO DO VELHINHO
“ uma hora da madrugada, a pior hora para os sonolentos , o
vento frio que vêm do rio afeta meu corpo, os meus olhos ficam pesados e
começo a ter ataques de sono por
segundos. Já estou na recepção há 6 horas e o movimento está parado, até agora
só entrou 1 casal, um velho de 60 anos mais ou menos, suado, com os dentes
amarelados, uma camisa listrada manga curta com manchas amarelas na parte da
pança, usa óculos mi graus, um relógio desses baratos, a calça social preta que
o acompanha está remendada na parte da frente, ao seu lado uma garota de pelo
menos 34 anos se não for mais, morena, cabelo enrolado oleoso, sobrancelha desenhada com um lápis marrom mal feita, um
batom vermelho que ressalta seu olhar maligno junto ao seu vestido( se é que
posso chamar aquilo de vestido) que dá bem no limite da sua bunda, realmente
ela não é uma modelo, mas para o velhinho é um poço de beleza. Entram
rapidamente, o velhinho me
pergunta- eai meu filho, quanto que é a
hora?
– são 3 horas por 15 reais
- mas eu só quero 2 horas.
- mas é assim, você paga 3 horas por 15, ou paga 2 horas por
quinze, é o pacote completo meu senhor.
- mas que porra! Ta bom me dá um quarto que não tenha barata, que
da ultima vez que eu vim, encontrei uma baratona do tamanho do meu pé no
frigobar.
Realmente o velhinho tem razão, no (m) hotel tem 12 quartos, entre esses 6 são muito bons, os outros são o mais completo reflexo da
sujeira e imundice dentro de um motel. Quando comecei trabalhar na recepção do
(m)hotel, o dono me disse – você tem que
analisar o casal ou a pessoa que chegar, se chegar bem arrumada, com cara de
rico, tu dá os melhores, agora se for puta ou traficante manda eles pros
quartos fudidos, que eram nos quais existia esses ataques de pragas. ( Ele só
esqueceu de me disser qual quarto dar
para um velhinho meio sujo e uma puta). Atendendo ao pedido daquele velhinho
dou de presente o melhor quarto (o número 6), lá tinha espelho completo no
teto, o frigobar gelava bem, não tinha baratas e a TV tinha três canais
pornográficos, diferente do resto que só tinha um, há! É claro esqueci de falar
que o banheiros não tinha nenhuma cerâmica quebrada. Na hora o velhinho me
pergunta – esse é bom mesmo?
- sim senhor, pode confiar.
-beleza, então me veja 4 camisinhas.
Um pouco
desconcertado estendi minha mão até a estante onde estavam as camisinhas e
contei em voz alta para conferir se era aquele número mesmo, afinal a gente
nunca espera de um velhinho que aparenta
ter em média 60 anos, não caminha muito rápido e sua corcunda faz um ângulo
significativo o pedido de 4 camisinhas, no máximo um copo de leite com açúcar. Após a contagem
em voz alta entrego a ele as camisinhas, agradece e pega pela mão a sua
prostituta, é exatamente 1:30 da madrugada,
durante 2 horas ouço barulhos estranhos naquele quarto, era uma espécie de
gemidos profundos, de prazer, na minha cabeça a tv está muito alta, talvez seja
isso, realmente tento achar alguma resposta lógica àquilo, meu ceticismo sexual
com o tal velhinho era muito forte, no meu ser, nenhum humano aos 60 anos
consegue transar 4 vezes na mesma noite,
e aqueles gemidos continuavam a aumentar, parecesse que houvera uma
terceira pessoa naquele quarto 06, e durante 2 horas o meu sono passou, pois o
mistério do velhinho que fazia aquela
mulher de vida fácil e feliz gemer como um garotão de 20 anos me consumia,
confesso que cheguei até passar pela frente do quarto para descobrir algo.
Passando-se as duas horas, vejo o velhinho sair com cara de felicidade, ajeitando
a calça, penteando o cabelo, ao contrário a sua companheira parecia cansada,
diria até, esgotada, com uma sobrancelha pelo meio e o batom espalhado pelo
rosto, o seu salto preto me comunicava que já saiam, chegaram na recepção e o
velhinho com um ar de machão me pergunta
- eai quanto que deu com as 4 camisinhas?
- deu 19 reais
De uma carteira suja, cor verde, ele tira uma nota de vinte
e diz:
- aquele quarto era bom mesmo hô, gostei de ti, vou vir mais
vezes por aqui, mas separa esse quarto só pá mim.
- pode deixar, se estiver desocupado eu coloco o senhor lá.
Dou o troco, e o senhor muito educadamente se despede. Vou
ao quarto para conferir se todo está no seu lugar, espelho no teto okey,
frigobar okey, vaso sanitário okey, cama, na cama 4 camisinhas usadas
espalhadas por toda a extensão do retângulo, ligo para a camareira e peço que
vá arrumar o quarto 06.
Busco uma explicação para o mistério daquele velhinho de
aparência fraca e suja que transou 4 vezes seguidas naquele quarto, a essa
altura ele já era meu ídolo.
De repente a camareira vem rindo com a cesta de lençóis do
quarto 06 até mim, e diz:
- hahaha nem sabe o que encontrei nesse quarto 06?
- o quê?
- um restinho de cocaína e um pacote de Viagra vazio."
agradeço pela ideia e incentivo, Alê, Diana Coelho, Daniel Dantas.
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